No último dia 11, o atentado ao World Trade Center completou 22 anos. Esse marco na história é considerado uma das maiores tragédias mundiais, onde 2.977 vítimas morreram. E além de destruir direta e indiretamente a vida de milhares de pessoas, o ataque atingiu uma das mais importantes construções, a das Torres Gêmeas.
Localizadas em Lower Manhattan, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, no meio dos sete prédios do World Trade Center estavam as Torres Gêmeas, edifícios icônicos que contavam com 110 andares e 413 a 417 metros de altura cada um, sendo considerados os mais altos do mundo na época da inauguração, em 1973.
Acreditamos que relembrar o passado é a única maneira de evitar que os mesmos erros sejam cometidos no futuro. E mais do que isso, hoje traremos, neste artigo, uma nova maneira de homenagear aqueles que foram afetados por esse desastre a partir da lembrança dos profissionais envolvidos na construção dos prédios, que não poderiam nem sequer imaginar o que aconteceria naquele fatídico 11 de setembro de 2001.
Projeto construído e arquitetado ao longo de 30 anos
Apesar de ter sido inaugurado em 4 de abril de 1973, o World Trade Center 1 e 2, como eram os nomes originais das Torres Gêmeas, assim como os demais prédios, tiveram seus primeiros projetos desenhados em 1943, quando a ideia de criar um centro comercial surgiu.
Para a construção do WTC original, foram investidos 400 milhões de dólares para que o complexo pudesse suportar os 1.240.000 metros quadrados de espaço para escritórios.
Principal arquiteto da obra escapou dos campos de concentração
Minoru Yamasaki, um arquiteto nipo-estadunidense que, apesar de ter realizado grandes projetos, pouco é reconhecido na história, foi escolhido como o responsável pelo World Trade Center. Além dele, os profissionais do Emery Roth & Sons, um dos escritórios de arquitetura mais renomados do mundo, foram recrutados como equipe de apoio.
Minoru Yamasaki, principal arquiteto do World Trade Center | Créditos: Biblioteca Walter P. Reuther
Na lista, ainda estavam inclusos os arquitetos IM Pei, Philip Johnson, Welton Becket e Walter Gropius, que mais tarde foram descartados como opções para o projeto.
Como trabalhava na empresa americana Shreve, Lamb & Harmon, Yamasaki conseguiu obter proteção para que não fosse levado aos campos de concentração japoneses na Segunda Guerra Mundial, época em que os orientais foram punidos por razão do ataque a Pearl Harbor. Essa mesma companhia foi a principal responsável pela construção do Empire State Building.
Mas, voltando ao World Trade Center, a ideia inicial de Yamasaki era de que as torres gêmeas tivessem 80 andares, mas para cumprir às exigências do poder público de que a construção possuísse 930.000m² de espaço para a instalação de escritórios, o número de andares precisou ser aumentado para 110.
Prédios foram construídos para serem “faróis da democracia”
A ideia do projeto, segundo Justin Biel, autor do livro “Sandfuture” e pesquisador da vida e carreira de Minoru Yamasaki, em entrevista para o site Dezeen, foi inspirada na exposição da Feira Mundial de Nova York de 1939, também chamada de World Trade Center. Na ocasião, os realizadores do evento acreditavam no conceito de que, por meio do comércio, poderia ser alcançada a paz mundial.
Ainda de acordo com Biel, os prédios que viriam a se tornar um dos maiores símbolos do capitalismo, tiveram a intenção inicial de ser “um farol da democracia” que de tão benéfico para a sociedade, foi comparado, segundo palavras do próprio Yamasaki, com Meca, a sede da maior mesquita muçulmana do mundo, localizada na Arábia Saudita.
Tanto é que a própria arquitetura dos prédios das Torres Gêmeas remetia às construções dessa cidade, com janelas estreitas, arcos decorativos pontiagudos na base e uma grande praça ao redor, lembrando também um farol marítimo.
Estrutura subterrânea com 23 metros de profundidade
Para que o World Trade Center pudesse ser construído, foi necessário criar uma barreira subterrânea a fim de impedir a proximidade das águas vindas do rio Hudson, que ficavam próximas ao terreno onde o complexo seria instalado. Só a construção desse muro, feito com bentonita, água e concreto, levou 14 meses para ser finalizada.
A partir disso, foi criada uma estrutura subterrânea para reaproveitar o espaço que havia sido cavado no centro da barreira de proteção. Foi construída uma fundação com seis andares e 23 metros de profundidade que abrigava lojas, túneis de metrô e um estacionamento.
Torres foram estruturadas com elementos pré-fabricados
Segundo o site Illumin Magazine, blog da University of Southern California (USC), para acelerar o andamento da obra, a equipe de engenharia, liderada por John M. Kyle Jr, investiu em estruturas de aço e concreto que já vinham semi prontas. No caso das fachadas, por exemplo, treliças de aço pré-fabricadas com 208 pés (aproximadamente 63 metros) de altura formavam cada um dos edifícios e, com isso, foram consideradas as paredes de suporte de carga mais altas do mundo. Essas treliças eram formadas por mais de 130 colunas de aço verticalmente próximas.
Fora isso, junto às colunas externas foram soldadas treliças de aço pré-fabricadas, de 33 polegadas de profundidade, para que pudessem suportar as placas de piso de concreto das duas torres. Esses pisos se estendiam por 18 metros e ajudavam a proteger o prédio de condições extremas de vento. Já a coluna central interna de cada torre foi criada para suportar a gravidade e o sistema de elevador.
Ao todo, as duas torres exigiram mais de 180.000 toneladas métricas de aço estrutural.
Sistema estrutural do World Trade Center | Créditos: Hidden Architecture
Certamente, a dimensão histórica dessa construção vai muito além do que foi exposto neste artigo. A ideia aqui era destacar os principais pontos sobre a arquitetura dos prédios do World Trade Center, especialmente as que envolvem as Torres Gêmeas, e te inspirar na hora de criar seus próprios projetos.
E você, sabia dessas curiosidades? Lembre-se de que aprender com a história é fundamental para moldar um futuro melhor. Esperamos que este texto tenha contribuído para uma compreensão mais profunda da incrível história por trás dessas torres. No blog da Taket você encontra mais conteúdos sobre o mundo da construção civil e engenharia.
Créditos da imagem de capa: Carol M. Highsmith via Viajento